Qual o Choque Mais Perigoso?

Aprenda aqui neste artigo, quais os maiores riscos do trabalho em altura com serviços em eletricidade e saiba qual o choque mais perigoso que o profissional pode suportar.

Nos trabalhos em altura com serviços em eletricidade, um dos riscos mais amedrontadores para os profissionais dessa categoria é sofrer um choque elétrico no meio do expediente. Porém, quando ocorre o incidente de fato, qual o choque mais perigoso que um trabalhador poderia tomar? Como evitar ou diminuir os danos?

Nesse artigo, vamos explicar para você o que é o choque elétrico, quais as consequências conforme a intensidade e como se prevenir desse possível incidente, segundo as normas regulamentadoras NR10 e NR35.

O Que É Choque Elétrico?

Antes de saber qual é o choque mais perigoso ou que quantidade de força têm os diferentes tipos de descargas elétricas (dentre outros perigos acerca desse fenômeno), você deve entender, primeiramente, o que é choque elétrico, afinal.

O choque elétrico é o fenômeno que acontece no interior do organismo de qualquer animal (incluindo nós, humanos) quando uma descarga de corrente elétrica o atravessa.

Uma corrente elétrica se caracteriza pelo movimento desordenado de partículas que carregam cargas elétricas. Essas partículas são desordenadas, pois, os elétrons estão constantemente colidindo entre si, de forma caótica.

Perigos do Choque Elétrico

Para acontecer o choque elétrico, é necessário ter uma diferença de potencial elétrico entre dois pontos diferentes em nosso corpo.

Geralmente um deles são nossos pés que estão encostando no solo; já o outro ponto, é o local do corpo em contato com a fonte da descarga elétrica (fios elétricos ou objetos eletrônicos, por exemplo).

Quanto maior a diferença de potencial desses pontos, maior a carga recebida (é maior o choque). Porém, as consequências do choque elétrico estão relacionadas com a intensidade da corrente elétrica e de sua duração em nosso organismo.

Intensidade da Corrente e a Resistência Corporal

Em relação à intensidade do choque, é preciso atentar que existem tipos de choque de alta e baixa tensão. Entretanto, a tensão (ou voltagem) não é o fator definitivo que determina a ocorrência de um choque elétrico.

Ainda que a tensão seja grande, a corrente elétrica pode ser pequena, não produzindo um choque elétrico de alto risco. Ao contrário, é possível que existam choques elétricos onde a voltagem (ou tensão) seja pequena, porém a resistência do corpo pode ser muito baixa, causando enormes danos.

Veja abaixo os riscos e danos de acordo aos valores crescentes de uma corrente que passa pelo corpo humano:

Corrente de 1 mA: é pouco perceptível e não causa riscos à saúde (no máximo pequenos formigamentos)
Corrente de 10 mA: o sujeito pode ficar com a mão agarrada ao condutor, pois irá perder o controle dos músculos. Ocorrem dor e espasmos musculares nesta intensidade de corrente.
Corrente de 75 mA: essa quantidade provoca contração dos músculos do pulmão e deficiência de oxigênio.
Corrente acima de 75 mA: surgem graves queimaduras. A descarga interfere nos batimentos do coração, ocorrendo parada cardíaca e alto risco de óbito

Mas esses números não são exatos e a quantidade de corrente que entra em nosso corpo pode variar de acordo a alguns fatores, como a resistência. É importante lembrar que ela difere de pessoa para pessoa, além da condição da pele no momento do incidente.

Quando o corpo humano está molhado, sua resistência é muito menor do que quando está seco. Quando molhado, a resistência cai e a corrente através do corpo humano pode ser bastante alta, mesmo com uma pequena voltagem.

Como mencionamos anteriormente, os danos dependem do trajeto da corrente no organismo: conforme o tempo percorrido, o corpo sofrerá variações. Porém, qual o choque mais perigoso?

Dos tipos de choque, o mais comum é aquele em que a corrente elétrica percorre o corpo de uma mão à outra ou da mão ao pé. Quando o choque é produzido por contato com corpo eletrizado trata-se da eletricidade estática, a duração é curta, por isso não provoca danos ao organismo.

Já quando a pessoa entra em contato direto com a instalação — e enquanto estiver em contato e com a energia ligada —, o choque se mantém, resultando em contração e lesões, sendo esse mais perigoso (afinal pode resultar na morte do indivíduo nas condições ideais).

É válido mencionar também os choques produzidos por raios (ou descargas atmosféricas). As consequências do choque produzido por raios têm efeitos irreversíveis. Neste caso a vítima sofre queimaduras, contrações musculares e, dependendo da intensidade, pode levá-la à morte.

Normas Regulamentadoras: NR10 NR35

Nos trabalhos em altura com serviços para instalações elétricas ou a presença delas, nas imediações, é necessário seguir algumas normas regulamentadoras para ter ciência de como prevenir riscos de acidentes durante o expediente.

Norma NR 35

De acordo com a Norma NR 35, quaisquer trabalhos exercidos a 2 metros ou mais são considerados trabalhos em altura.

Porém, antes de mais nada, é preciso uma realização prévia da análise de risco no ambiente de trabalho e suas imediações. Nela, é preciso que o profissional se atente aos seguintes fatores:

A ambientação do local de trabalho e os arredores
Sinalizar os arredores e isolar o local de trabalho
Estabelecer sistemas e pontos de ancoragem
Estudar previsão do tempo para condições meteorológicas adversas ao trabalho
Selecionar e inspecionar o estado de equipamentos de proteção individual e coletiva (EPIs e EPCs), além de estar apto para o manejo destes
Analisar o risco de queda de materiais e equipamentos no local de trabalho; e os demais riscos adicionais
Conferir se o trabalho atende a todos os requisitos de segurança e saúde
Verificar sistemas de comunicação, inspeção e primeiros-socorros

Após a análise de risco, é momento de planejar, organizar e executar o trabalho, aplicando todas as medidas de proteção necessárias a fim de afastar os riscos de acidentes (ou diminuir seus danos). Todas elas, com direitos e deveres tanto por parte do empregador quanto do profissional trabalhador.

Norma NR 10

A Norma NR 10 prevê condições e requisitos mínimos para trabalhadores que direta ou indiretamente exercem o seu ofício (ou têm contato com) instalações elétricas ou objetos elétricos.

Essas normas deverão ser aplicadas durante as fases de uma instalação elétrica, que se dividem em:

Geração
Transmissão
Distribuição
Consumo de energia
Projeto
Montagem de instalação
Manutenção da instalação e proximidades

Porém, antes mesmo de iniciar e implementar todas essas etapas, é preciso verificar se o trabalho será em uma instalação elétrica de fato, ou nas imediações de uma instalação. Para serem tomadas as medidas cabíveis, é necessário que o profissional faça uma análise de risco, como prevê a NR 35.

Geralmente, trabalhos da indústria elétrica são realizados com alto risco de queda, pois utilizam plataformas e patamares elevados para melhor execução do trabalho. Dentre os exemplos de ofício dessa natureza, podemos citar:

Troca de lâmpada
Manutenção de torre de alta tensão (entre outras estruturas similares)
Montagem de eletro calhas
passagem de fiação
Inspeções

Ainda em concordância com a NR 35, a NR 10 prevê que todo profissional que interaja com instalações e/ou objetos elétricos tenha treinamento específico (segundo a grade curricular da norma) e autorização para acessar e trabalhar neste ambiente.

Dessa forma, o profissional estará comprovando que, de fato, preenche todos os requisitos para zelar pela própria saúde e segurança e, também, a de outras pessoas que possam ser afetadas pelos riscos do trabalho em altura com serviços para instalações elétricas.

Logout e Tagout (LOTO)

Especificamente para trabalhos com o manejo de energia elétrica, é extremamente necessária a implementação de medidas de segurança de modo a evitar choques elétricos.

Pensando nisso, o Ministério do Trabalho tornou obrigatório o sistema LOTO (logout e tagout), ou o ato de desenergizar e reenergizar equipamentos e máquinas utilizadas no expediente.

Com o sistema LOTO aplicado em dispositivos de isolamento, máquinas e equipamentos tornam-se seguros, contribuindo na proteção dos funcionários, reduzindo acidentes e, claro, preservando o patrimônio do empregador e o meio ambiente.

Obviamente, para todo o manejo do trabalho em altura com serviços para instalações elétricas, se faz necessário o uso contínuo de equipamentos de segurança isolador, vestimentas isoladoras e ferramentas isoladoras.

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