Taxa de juros x preço: o que determina o retorno dos títulos públicos?
Os títulos públicos estão entre os investimentos de renda fixa mais conhecidos no Brasil. Eles são emitidos pelo Tesouro Direto e são frequentemente considerados uma opção acessível e de baixo risco para quem deseja começar a investir.
Quando adquire um título público, o investidor está, na prática, emprestando dinheiro ao estado brasileiro por meio de um instrumento de renda fixa. Isso significa que, se mantiver o título até a data de vencimento, será possível prever o retorno com base nas condições contratadas.
Mas isso não quer dizer que os preços e as taxas dos títulos são constantes ao longo do tempo. Eles são influenciados por fatores como as variações nas taxas de juros, condições do mercado e o tipo de título escolhido, que pode ser prefixado ou pós-fixado. A seguir, vamos explorar melhor como essa dinâmica funciona.
Este conteúdo é meramente informativo e não constitui uma indicação de investimento.
Preço do título
O preço de um título refere-se ao seu valor de face, ou seja, quanto você precisa desembolsar para comprar um título inteiro. Esse valor normalmente está disponível no site do Tesouro Direto e também nas plataformas das corretoras.
Vale frisar que o preço de um título representa o quanto você precisa desembolsar para comprá-lo. Por exemplo, o preço de um título inteiro do Tesouro Selic 2027 no dia 21 de novembro de 2024, de acordo com o site do Tesouro Direto, era de 15.628,11.
No entanto, você não precisa comprar um título inteiro, pois é possível investir no Tesouro Direto a partir de R$ 30, comprando frações desses títulos.
Influência das taxas de juros
O principal dado que influencia no preço de um título público é a taxa de juros — ou
o IPCA, no caso dos títulos atrelados à inflação. E, sim, há uma relação inversa entre taxa de juros e preço dos títulos públicos.
Quando a taxa de juros sobe, os preços dos títulos existentes caem porque os novos títulos passam a oferecer rendimentos mais atrativos. Por outro lado, quando a taxa de juros cai, os títulos antigos tornam-se mais valorizados, pois oferecem retornos superiores em comparação com os títulos emitidos. Essa valorização ocorre no mercado secundário, onde a maior demanda por títulos antigos eleva seus preços.
Exemplo da relação juros-preço
Imaginemos o seguinte cenário: um investidor adquiriu um título prefixado com vencimento em 2030, oferecendo uma taxa de 10% ao ano, ligeiramente inferior à Selic, que era de 10,75% ao ano até 5 de novembro de 2024. Logo após essa data, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a Selic em 50 pontos-base, elevando-a para 11,25% ao ano. Esse aumento fez as taxas de juros de mercado subirem, tornando os novos títulos mais atrativos e reduzindo o valor do título prefixado no mercado secundário.
Se o investidor decidir manter o título até o vencimento, em 2030, não haverá impacto financeiro, pois ele receberá o valor do principal acrescido dos juros contratados. No entanto, caso opte por vendê-lo antes dessa data, poderá enfrentar uma desvalorização, já que investidores estarão dispostos a pagar menos devido às taxas de juros mais altas. Por outro lado, se a taxa de juros cair para 9%, por exemplo, os novos títulos oferecerão rendimentos menores, aumentando a atratividade do título adquirido, o que pode elevar seu valor no mercado secundário.
Como aproveitar o cenário de juros?
Essa relação entre juros e títulos públicos afeta a relação entre a compra de títulos e também a maneira como os investidores os negociam. Dependendo da expectativa dos juros, os investidores podem avaliar estratégias no mercado de títulos públicos de várias maneiras.
Cenário dos juros em alta
O primeiro cenário é de pessimismo com a economia, no qual as pessoas acreditam que os juros vão subir mais e por um longo período de tempo.
Nesse contexto, os investidores podem agir de duas formas. A primeira delas é adquirir títulos pré-fixados no mercado secundário a preços mais baixos e esperar revendê-los no futuro quando os juros subirem.
A segunda maneira é aproveitar a elevação dos juros e garantir títulos com rendimentos maiores. O investidor poderá manter esses títulos até o vencimento para potencialmente aproveitar os rendimentos contratados.
Cenário de juros em queda
Já num cenário mais otimista, no qual os juros estão caindo ou com perspectiva de queda, quem mais se beneficia são os investidores que possuem títulos em carteira. Afinal, esses títulos pagam rendimentos maiores do que a taxa de juros atual, levando a demanda dos investidores por eles a aumentar o preço do título.
Como os preços dos títulos tendem a subir, quem os tem em carteira pode vendê-los a um preço maior e auferir lucros nessa operação. Sendo assim, é possível obter ganhos significativos com o spread (diferenciação de preços) no período de negociação dos títulos.
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